sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um Post Pessoal




Essa sou eu hoje.

Depois de meses afastada desse blog, eu volto com um post altamente pessoal. O que isso quer dizer? Mudança de paradigma? Vontade de transgredir as próprias regras? Vontade de jogar tudo pro alto e sair assim, leve como uma pena planando no ar?

Um pouco de cada, eu acho. Mas o mais importante talvez não seja o motivo que faz a pena correr livre no vento. Se ela se caiu de uma ave, se se desprendeu da mão de um escriba, se é apenas uma ilusão...

Nada importa senão o que está por vir. A chegada. A incrível e excitante incapacidade de prever quando e onde ela vai pousar.


sábado, 8 de agosto de 2009

Música nas Escolas Brasileiras


Para tirar as teias de aranha, uma boa notícia
.

Beijo!

A partir de 2011, segundo a lei nº 11.769, a música vai voltar às salas de aula no Brasil. Estudantes do primeiro ao nono ano deverão entrar em contato com a teoria e a prática de transformar sons em arte. Com isso, é recuperada uma disciplina que já foi muito importante no currículo brasileiro até 1956.

Afinal, é público e notório que a canção popular é a mais reconhecida das artes do Brasil, dentro e fora do País. As melodias e a batida da Bossa Nova e o forte impacto da Tropicália são influentes na produção cultural em todo planeta. Mas parece que o sistema educacional brasileiro não mais considerava esse potencial educacional do trabalho com ritmos e melodias.

Para o compositor Felipe Radicetti, coordenador nacional da campanha "Quero Educação Musical na Escola, “a música cumpre um papel mediador das relações sociais e promove o desenvolvimento afetivo das crianças, além disso pode ser usada como um elemento agregador nas outras disciplinas”. E completa: “A educação musical nas escolas tem uma função muito ampla, mas não é a de formar músicos. Ela desenvolve a escuta e portanto atua diretamente sobre a qualidade de fruição da música”.

A opinião também é dividida por Cleide Salgado, que desenvolve o projeto "Música nas Escolas", em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi criada em 2003 e mais de cinco mil crianças já foram ou estão sendo formadas. Alguns hoje até integram a Orquestra Sinfônica da Cidade, a Banda Sinfônica, a Banda da Cidade e a Drum Lata. “Independente de formar músicos ou não, o aprendizado de música nas salas de aula ensina concentração, disciplina , o desenvolvimento do trabalho em grupo e leva a cultura para toda a família”, diz Cleide.

Segundo ela, desde que 72 escolas da rede pública de Barra Mansa adotaram a música na grade curricular, a cidade reforçou seus laços com a cultura. “As apresentações da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa se tornaram um grande evento popular. É comum também encontrar meninos com seus instrumentos nos ônibus da cidade”.

Para Cleide, o mais importante é que a música faça parte do currículo sem se descuidar das outras práticas artísticas. “O envolvimento com a arte é fundamental na formação de qualquer pessoa, mas eu acho que a escola tem que dar opção para o estudante. Tem que estimular o seu desenvolvimento na área em que ele mais tem aptidão”, defende.

Foi o movimento “Quero Educação Musical na Escola” , do qual Felipe Radicetti faz parte, que retomou o debate da reinserção da música no currículo escolar. Agora com o projeto sancionado, o compositor acredita que “a campanha teve o objetivo de democratizar o acesso a essa educação tão importante a todos os brasileiros”.

Segundo ele, o próximo passo é “implementar a educação musical nas escolas plenamente, tal como nos países desenvolvidos. As dificuldades da educação no Brasil são generalizadas e os nossos números são um escândalo. Estamos tão acostumados com eles, que chegam até a nos parecer aceitáveis”.

As escolas de música, músicos e instituições ligadas à educação começam a pensar como pode ser esse currículo. Uma das iniciativas para debater o assunto é da revista Carta na Escola. O "Seminário Música nas Escolas" irá reunir músicos e educadores no dia 17 de agosto para discutir algumas propostas sobre o ensino de música. Pode ser também um bom momento para se debater o papel da cultura na educação dos brasileiros.

Fonte: Blog Acesso

sábado, 4 de julho de 2009

Três Divinas Gerações


No começo de tudo só havia o Caos, uma espécie de matéria indefinível e eterna, detentora dos princípios fundadores de todos os seres. Dando sentido ao Caos, surgiu Gaia, a mãe universal de todos os seres, também chamada de Terra. O Caos gerou Nix (a Noite), a mãe dos deuses, e Érebo (a escuridão, o criador das Trevas).

Nix e seu irmão Érebo se amaram e, do casamento, nasceram Éter (luz celeste, sem os corpos luminosos) e Hemera (a luz do dia).

Sozinha, Nix ainda deu à luz: o Destino (deus cego da inflexibilidade, que se fez senhor dos homens e das coisas do mundo), Tânatos (a Morte), Hipno (o Sono), a Legião dos Sonhos, Momo (o Sarcasmo), a Miséria, as Hespérides (três irmãs - Egle, Erítia e Hespera - que personificam o dia), as Moiras (três irmãs - Cloto, Láquese e Átropos - que determinavam o destino tanto dos deuses quanto dos seres humanos), Nêmesis (deusa da ética), a Fraude, a Concupiscência (o apetite sexual), a Velhice e Éris (a Discórdia).

Por sua vez, Gaia gerou de si mesma Urano (o Céu Constelado), os Montes e o Mar. Gaia teve muitos nomes: Telus, Cibele, Titéia e Vesta. Como Vesta, casou com seu filho Urano, que se tornou o primeiro rei dos deuses. Deste casamento, nasceram os Titãs e as Titânides, os Ciclopes (gigantes de um olho só) e os Hecatonquiros (que tinham cem braços e cinquenta cabeças).

Os Titãs e as Titânides eram muitos, incluindo Titã (o primogênito) e Cronos (Saturno, o deus do Tempo). Como Cronos desejava ser o primogênito, propôs a seu irmão uma troca de posições. Titã aceitou, mas impôs a condição de que seus descendentes é que seriam os herdeiros do trono. Antes que pensem que ele foi bonzinho em ceder seu lugar ao irmão, saibam que Titã só aceitou a troca porque os oráculos o haviam dito que ele seria destronado por um de seus filhos de qualquer jeito. Cronos aceitou a condição imposta pelo irmão, prometendo eliminar seus próprios filhos. Para proteger-se do assédio do filho e marido, Urano, Gaia armou Cronos com uma foice bem afiada, que ele usou para castrar e destronar o pai, tornando-se rei dos deuses.

Cronos casou com sua irmã Réia. A cada filho ou filha nascido do casamento, o rei os devorava para cumprir o trato com o irmão mais velho, Titã. Mas, quando Réia estava prestes a dar à luz Zeus, decidiu que este filho Cronos não engoliria. Decidiu descer do Olimpo, a morada dos deuses, e foi para uma gruta na ilha de Creta. Depois de nascido, Réia deixou Zeus sob os cuidados de uma de suas ninfas e, para enganar Urano, deu-lhe uma pedra envolta por uma manta, no lugar do bebê. Urano só descobriria que Zeus estava vivo anos mais tarde, quando este destronaria o pai, faria justiça, fazendo-o vomitar seus irmãos engolidos, e começaria seu reinado como o deus supremo, pai de todos os deuses do Olimpo.


Estas são, portanto, as três divinas gerações: 1) a Geração de Urano, marcada pela violência; 2) a Geração de Cronos, o organizador do tempo; e 3) a Geração de Zeus, o legislador.

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Ah! Para quem não sabe, a mitologia grega foi apropriada pelos romanos (e foi assim que chegou até nós). É por isso que muitos deuses têm mais de um nome. Aqui, estou usando os nomes de origem grega e, sempre que possível, o correlato romano, entre parênteses. :)

A figura da imagem é Nix, a personificação da Noite.

Beijos!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Nomes sem Rostos


Odeio memorizar nomes sem rostos. Quando conheço alguém, 'decoro' primeiro suas feições e seus gestos. O nome vem um tempo depois, como um complemento... Às vezes, até que a graça combina com a essência daquele ser humano, às vezes não. O problema é quando tenho que conhecer um nome primeiro, para só depois ver o rosto e os trejeitos do dono ganharem forma, nitidez. Nisso eu não sou boa. Me atrapalho toda.

É por isso que nunca gostei de livros com muitas personagens. Daquele tipo que você tem que ir tomando nota dos nomes num papelzinho à parte para que lembre, lá pelo clímax da trama, daquela criatura apresentada na introdução. Muito chato, né não? O problema é que isso acabou me privando de apreciar livros que dizem ser muito bons, como Cem Anos de Solidão... (pois é, confesso, não passei das primeiras páginas... chunf).

O mesmo acontece com minhas leituras sobre Mitologia. Apesar do interesse genuíno pelas estórias nelson-rodriguianas dos deuses mais ‘humanos’ que a cultura ocidental já pôde criar, eu sempre me perco pelos nomes e graus de parentesco entre as personagens e fica difícil lembrar depois quem fez o quê. Sucks. :/

Para os desmemoriados e amantes de boas estórias, como eu, este blog vai servir de ‘papelzinho à parte’, e nos acompanhar por um passeio light pela mitologia grega, que começa já, já, na próxima postagem. :)

Beijos!

PS: A imagem é a pintura 'Mulher Chorando'
(1937), de Picasso.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Illusion & Dream


With silence comes peace.
With peace comes freedom.
With freedom comes silence.
(Poets of the Fall)

3:34 da madrugada e só agora meu cérebro consegue distinguir perfeitamente as letras retidas na minha retina. Depois de horas de privação parcial da visão, eis que as primeiras palavras que decodifico não são as da página de um livro. Mas essas:

The inner dimensions
This influence signifies a concern with the very deep issues in life. Today you are interested in what goes on underneath the surface of events and phenomena, and you are willing to dig until you find out. This energy can also turn inward, which is often very profitable. It may be beneficial to be alone so that others cannot distract you from your inward search. For this reason you are likely to be attracted to subjects that reveal the inner dimensions of the psyche, such as psychology or astrology. You may encounter someone today whose ideas have a great effect upon your mind. This is a good time for learning something new, because you can allow your beliefs to be transformed by what you learn. Also you will tend to have a strong effect on other people's thinking today.

Confesso: previsão para o meu dia segundo os astros... (ou, pelo menos, segundo um deles: o ponto com).

Beijos! :P

PS: A seguir: Paulinha versão óculos para íntimos.

domingo, 28 de junho de 2009

No tempo e no espaço


Exatamente um mês após a última postagem, eis que eu retorno a este blog com novidades. Quem acompanha minha vida mais de perto sabe dos motivos deste sumiço: o acúmulo de trabalho que me fez passar feriados e finais de semana na frente dessa telinha tão amável quanto repugnante. E antes que ouça mais uma vez: não, eu não estou ficando rica. A quantidade de trabalho ainda não é proporcional à quantidade de recursos na minha conta bancária. Quando forem convidados para dar uma voltinha no veleiro Cross... Aí sim! :P

A postagem de hoje é sobre os primórdios do processo de gravação de áudio (já sei até quem vai gostar disso... :P).


Antes da gravação elétrica ser desenvolvida em 1925 e começar a ser disseminada pelo mundo no ano seguinte, tudo era gravado acusticamente – e todos os instrumentos ao mesmo tempo! Os músicos ficavam posicionados ao redor de uma trompa, com os instrumentos mais altos ficando mais longe. Os resultados eram quase sempre estridentes e sem muita fidelidade.

Por isso, as gravações deste período dão uma idéia de como os instrumentistas e cantores daquela época soavam, mas não devem ser comparados a uma apresentação ao vivo, ou coisa do gênero. Em função de problemas para conseguir obter a equalização apropriada, os bateristas não podiam usar todo o set de bateria, os banjos eram preferidos às quase inaudíveis guitarras e os instrumentos de baixo eram considerados opcionais.

Algumas gravadoras tinham engenheiros de som bem criativos, que se aventuravam por soluções alternativas. Já outras ficaram com má fama por causa da barulheira que apresentavam (a Paramount era uma delas, acreditem!). É por isso que para os ouvintes de hoje o jazz gravado antes de 1926 é difícil de gostar. É preciso ouvir com muita vontade (aumentar o volume ajuda! ehehe) para realmente ouvir o que estava rolando naquelas gravações acústicas dos anos 20.

Ah! Como vocês sabem, para escutar os discos, as pessoas usavam um gramofone (inventado pelo alemão Emil Berliner) ou um fonógrafo. O fonógrafo é aquele ali em cima, que foi criado por Thomas Edison (sim, o mesmo que inventou a lâmpada elétrica incandescente - thanx Thomas! eheheh).



Amanhã volto aqui dando um passo bem mais largo na história do jazz. Desculpem a demora neste começo... É que eu tenho uma quedinha especial pelo começo das coisas... Saber quais e como certos fatores precisaram estar espontaneamente - ou não - orquestrados no tempo e no espaço para que algo novo acontecesse ou surgisse é muito... encantador! Não acham? :)

Beijo!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um Passeio por Charleston e Chicago


Continuando nosso passeio pelas origens do jazz, transportemo-nos aos anos 1920...

Na primeira metade dessa década, à proporção em que as gravações se tornavam comuns e espalhavam a música ao redor do globo, o jazz começou a evoluir exponencialmente. O gênero mudou mais nesse período do que nos vinte anos anteriores. Nomes como Original Dixieland Jazz Band e Mamie Smith, que em 1920 eram novidades, em 1926 já eram considerados relíquias do passado ou ultrapassados. Quem assumia o posto de novidade agora eram artistas como Louis Armstrong, Bessie Smith e James J. Johnson.

Mas antes de falar desses artistas, falemos um pouco sobre o contexto histórico desse período... Shall we? :P

Tendo se tornado uma potência mundial durante a Grande Guerra, os Estados Unidos começavam a fazer aquilo que são bons até hoje: se voltar ao próprio umbigo e ignorar o resto do mundo. O território norteamericano (agora sem hífen – eheheh) estava próspero e não havia perspectiva de novas guerras. Ao contrário, havia um clima de otimismo entre os cidadãos - mesmo com a Lei Seca e com o auge de popularidade da Ku Klux Klan (pois é :/).

Como todos achavam que não haveria mais grandes guerras, muitos americanos estavam concentrados em construir seus próprios negócios, fazer dinheiro (muitos através do boom da bolsa de valores) e, claro, se divertir, dançando ao som daquela música chamada "jazz" e experimentando um novo passo de dança, chamado "Charleston".

Vocês também podem aprender, ó (ehehehe):





Diante da ilegalidade do consumo de bebidas alcoólicas, proliferavam-se bares ilegais, clubes noturnos e cassinos clandestinos pelas cidades... Os gangsteres tomavam conta do submundo norteamericano... Mesmo que estivesse começando a se proliferar e a influenciar a música popular da época, o jazz era considerado basicamente uma forma de entretenimento. Praticamente não se falava da música como sendo uma importante forma de arte e não existiam publicações de textos sérios sobre o assunto. Seu principal objetivo naquela época, pelo menos para o grande público, era inspirar os dançarinos e suas performances - ainda muito ligadas aos espetáculos de vaudeville.

Para quem gosta de cinema, o musical “Chicago” (diretor Rob Marchal), conta a história real das assassinas Velma Kelly e Roxie Hart, que se conheceram na prisão e se tornam famosas dançarinas deste tipo de espetáculo, justamente na década de 1920.





Ah! Essa música não foi feita nos anos 20! Ela foi composta por John Kander e Fred Ebb para a peça musical "Chicago" (de 1976), que foi transformada nesse filme de Rob Marchal, lançado em 2002. Enfim, eu adoro essa música anyway. :)

Beijos!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Desenvolvimento como Liberdade



Hoje eu estou empolgada porque minha mais nova aquisição chegou: o livro "Desenvolvimento como Liberdade", de Amartya Sen. O bangladeshiano é tão retado que ganhou o prêmio Nobel em Ciências Econômicas, em 1998.
Para quem não sabe (ta vendo, esse blog também fala da minha vida! eheheh), eu estou cada vez mais voltada a estudar/trabalhar com projetos e ações socioculturais que têm em vista o Desenvolvimento Sustentável: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.

Pelo visto, esse livro tem tudo a ver, porque parece que a tese que ele defende é de que para haver liberdade é preciso haver possibilidade de escolha. E para se ter a noção de que há possibilidade de escolha, é preciso ter desenvolvimento. A pobreza seria, assim, uma privação de capacidades.

Folheando o livro, o que me chamou a atenção foi a familiaridade com os temas. Sabe aquela sensação que a gente tem quando um bom professor explica alguma coisa de forma tão simples que o complicado vira óbvio? A sensação que dá é de que você já detinha aqueles conhecimentos no seu interior, e que o professor só o ajudou a iluminar (desvelar) aquilo que você não conseguia ver antes... Como o que Sócrates dizia sobre o caminho individual para o conhecimento (não é isso, Marcinho? rsrs).

Estou ansiosa pela leitura. Quem se interessar pelo tema, pode aguardar alguns posts aqui.

Beijos!

Ah! Quem me indicou esse livro foi Larissa. Obrigada, Lara! :)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Aquela Voz Negra Feminina e uma Orquestra de Branquelos Retados


Com o fim da I Guerra Mundial, em 1918, os Estados Unidos emergiam como uma potência mundial (começava a expansão imperialista norteamericana, lembram das aulas de história? Eheheh). Foi nesse contexto, portanto, que a Original Dixieland Jazz Band se tornou o primeiro grupo de jazz a visitar a Europa, em 1919. A temporada de 9 meses no Hammersmith Palais, em Londres, rendeu grandes manchetes nos jornais da época e fizeram com que surgisse uma onda de jazz na Europa. A banda chegou a gravar 17 músicas em solo britânico, retornando aos Estados Unidos em 1920.

Em 14 de fevereiro deste mesmo ano, aos 36 anos de idade, Mamie Smith entrava para a história como a primeira cantora negra (não-gospel) a gravar uma canção. Ela fez sua estréia com as músicas “That thing Called Love” e “You Can’t Keep a Good Man Down”. Como as vendas foram boas, Mamie teve a chance de lançar mais duas gravações: “Crazy Blues” e “It’s Right Here For You”. Em 6 meses, ela vendeu mais de 1 milhão de cópias (pasmem!): o blues virava febre nos Estados Unidos.


Mamie Smith havia começado sua carreira dançando com um grupo de vaudeville (chamado "Four Mitchels") e cantando em clubes do Harlem. Para quem não sabe, ou não se lembra, vaudeville era a forma de entretenimento mais popular nos Estados Unidos no final do século XIX e início do século XX. Era uma mistura de dança, música, encenação, mágica, truques... Os primeiros truques que antecederam a criação da arte da animação, inclusive, datam desta mesma época, através do trabalho de artistas desse gênero (se eu bem me lembro o meu TCC... rsrs).


Mas vale lembrar também que, tecnicamente, o blues de Mamie Smith não foi o primeiro a ser gravado. W.C. Memphis Blues Band já havia gravado “Memphis Blues”, em 1914, e a ODJB já agradara o público com “Liberty Stable Blues”. Mas, de fato, era a primeira vez que a voz de uma vocalista negra era capturada e influenciava diversos outros músicos.

Até o início dos anos 1920, pelo menos em gravações, o mundo do jazz se dividia em dois: de um lado, a ODJB e seus seguidores, que tocavam de ouvido e buscavam liberdade de improvisação; por outro, as grandes orquestras dançantes, com arranjos elaborados e rigidez formal, que não dava espaço para o improviso. A orquestra de Paul Whiteman foi uma das mais significativas.



Criada em 1918, em São Francisco, a Paul Whiteman Orchestra se estabeleceu em Nova Iorque em 1920, onde gravou seu maior sucesso de vendas: “Whispering”. Paul Whiteman era tido como um dos líderes do jazz na época e conceituado como o "músico que suavizou e refinou os aspectos primitivos” da música apresentada pela ODJB. Ele era chamado pela imprensa de "rei do jazz".

Ao final de 1920, o sucesso da ODJB, de Paul Whiteman e de Mamie Smith inspirava os selos a gravarem mais jazz. Mas, vale lembrar, quase todas as gravações eram feitas em Nova Iorque e muito poucos negros tiveram a chance de ter seu trabalho registrado para a posteridade. Por isso, tentar retratar o mundo do jazz apenas com base nos registros sonoros seria uma leviandade. O buraco, com certeza, era mais embaixo.

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Ah! Olha que chique! Agora vocês podem ouvir as músicas! Graças à ajuda de Ricardo, que me deu um passo a passo sensacional (que eu nunca descobriria sozinha). Thanx! =)

Beijos!




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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Quitando Dívidas


Apesar da ajuda (obrigada, Ricardo!), ainda estou com dificuldades para postar somente as músicas aqui (vocês conhecem minhas limitações virtuais - eheheh):/

A solução paliativa encontrada foi, portanto, postar esses vídeos do YouTube. :P Mesmo que não tenham lá imagens muito interessantes, eu optei por postá-los (em vez de outros que mostram pessoas tocando de verdade) porque queria postar mesmo as versões originais. Tentem então se focar no som, beleza? That's it. Enjoy yourselves! :)
Beijos!





domingo, 17 de maio de 2009

A um (com)passo pro mundo...


O desenvolvimento mais importante do jazz durante os anos de 1910 e 1915 foi o êxodo gradual dos músicos de New Orleans. Nesse período, muitos negros americanos decidiram se mudar do sul racista dos Estados Unidos em direção ao norte – relativamente mais libertário. Alguns músicos de espírito mais explorador começaram a se espalhar por novos territórios ou para aonde havia possibilidade de trabalhos mais lucrativos.

Foi nesse contexto que o jazz foi apresentado à Califórnia, pelo baixista Bill Johnson (ele é considerado o pai do estilo de ‘bater‘nas cordas do baixo – “slapping”). Em 1914, ao lado do cornetista Freddie Keppard (um dos “top” que vieram depois de Buddy Bolden), formou a Original Creole Orchestra, que seria uma das primeiras bandas de jazz a chegar a Nova Iorque. Além da Califórnia, uma comunidade de jazzistas negros também se formava em Chicago, cidade que se tornaria o centro do jazz da década seguinte.

Em 1916, Freddie Keppard cometeu certamente um dos seus maiores erros. Com medo de que outros cornetistas copiassem suas composições, ele recusou o convite de ser o primeiro jazzista a ser gravado (ele só teve outra chance de gravar seu próprio disco em 1926, mas a essa altura seu talento estava ofuscado pelo de Louis Armstrong).

Quem entrou para a história como primeira gravação de jazz foi, então, a Original Dixieland Jazz Band, em 1917. Esse feito representou um marco para a expansão do gênero ao redor dos Estados Unidos, se estendendo à Europa e ao resto do mundo. O impacto da gravação foi imediato: a música mundial nunca mais seria a mesma.

A Original Dixieland Jazz Band (que havia sido criada em Chicago, mas que se tornou sensação em Nova Iorque) estava lançando a “era do jazz”. As primeiras músicas a serem gravadas foram “Darktown Strutters Ball” e “Indiana” para a Columbia. Mas a gravadora não sabia o que pensar daqueles sons “selvagens” e decidiu não lançar as gravações, com medo da recepção do público. Um mês depois, a ODJB gravou mais duas canções pelo selo Victor: “Livery Stamble Blues“ e “Diexie Jazz Band One Step” e, rapidamente, a primeira virou um hit. Não demorou muito para a Columbia lançar “Darktown Strutters Ball” e, instantaneamente, começar a surgir dezenas de gravações de outras bandas de jazz formadas por músicos brancos tentando imitar a ODJB.


Daí, assim como o termo “rag” até 1915, “jazz” começaria a ser usado a torto e a direito nos títulos de bandas e músicas da década de 1920.

Ah! A ODJB gravou ao todo 53 músicas entre 1917 e 1923. 23 delas estão no álbum The Complete Original Dixieland Jazz Band (além delas, esse cd duplo tem todas as músicas da fase de retomada da banda, em 1936).

(Ainda não descobri como posta música... Prometo tentar ver isso amanhã. Ah! Alguém aí sabe???) :P
Beijos!

sábado, 9 de maio de 2009

Folha Bordô



Continuando o estudo sobre o jazz... De onde ele veio e quando começou?

Há muitas versões que simplificam a origem do jazz, dizendo que primeiro veio o blues e o ragtime, depois Dixieland... Na realidade, segundo Yanow, o jazz foi um contemporâneo de ambos o blues e o ragtime.

Uma das maiores forças do jazz ao longo do tempo tem sido sua habilidade de incorporar elementos de outros estilos musicais e adaptá-los a sua própria linguagem. E isso vem desde o seu nascimento: ritmos africanos levados aos Estados Unidos pelos escravos e transmitidos através de gerações; combinações de marchas, criando um repertório de síncopes; músicas gospel negra; canções entoadas pelos trabalhadores do campo... Tudo isso contribuiu para o formato expressivo do blues e do jazz. A música clássica contribuiu com a entonação, a técnica e a disciplina.

O nascimento do jazz não tem uma data definida, mas localiza-se num contexto de efervescência musical que tomava New Orleans na virada do século XIX-XX: músicos de diversos países da África, da Europa e da América Latina reuniam-se para tocar em recitais de música clássica, ópera, além de muitas festas e desfiles comemorativos, comandados pelas brass bands (bandas de metais). Aliás, uma das hipóteses do nascimento do jazz remete a essas bandas de metais: como frequentemente tinham que tocar longas canções enquanto marchavam por horas, os músicos teriam começado a improvisar, enriquecendo sua música com variações melódicas e novas ideias...
O cornetista Buddy Bolden é considerado o primeiro jazzista da história. A música que eles tocavam ainda não era chamada de “jazz”, o que só aconteceria entre 1915 e 1916, mas a criação da banda de Buddy Bold, em 1895, é usada simbolicamente para datar o nascimento do gênero. Infelizmente, a documentação sobre a criatividade dos artistas afroamericanos dessa época é praticamente inexistente e tampouco há registros sonoros da produção desses artistas. Na verdade, o jazz só seria gravado pela primeira vez em 1917.

Enquanto o jazz estava em sua versão mais elementar na última década do século XIX, o ragtime conquistava os Estados Unidos e consagrava-se como a primeira expressão afroamericana a se popularizar no país, vivendo seu pico entre 1899 e 1914. O maior sucesso desse período foi Maple Leaf Rag, de Scott Joplin. Foram vendidas mais de 75 mil cópias da partitura de Maple Leaf Rag! (Pois é, nessa época, era assim mesmo que se mensurava a repercussão de um sucesso musical, já que as gravações estavam bem no início – e quase nenhum negro tinha acesso a elas).



PS: Queria colocar a música aqui para vocês poderem ouvir, mas ainda não descobri como coloca mp3 aqui no blog... :/ Vou tentar descobrir e aviso quando rolar...

Beijos!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sobre os Coalas e o Sossego







Sobre os Coalas

Os coalas podem ser os animais mais fofos do mundo... Mas você não imagina os gritos estranhos e as mordidas que eles são capazes de dar quando estão se protegendo...
;)







Sossego

E o que sossega é te ver me conhecendo como sou,
Sem tirar nem pôr.
...E parecer não se incomodar com isso.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Improvisação e Lamento

Pra começar essa fase de estudo compartilhado, comecemos com... Tcharaaam: Música! E não tem pra onde correr, deste vasto domínio artístico, eu fui me bater nele, no mais norteamericano dos sons... That's all about jazz, babe!

Se me perguntarem de onde vem a identificação com esse mundo do improviso de grandes instrumentistas, mas que tem sua origem nos simples lamentos africanos, respondo à la Chicó, do Auto da Compadecida: "Não sei, só sei que foi assim". O que importa é que o som bate aqui no peito, me arrebata, acelera a pulsação e, quando não me faz sair dançando um swing pela casa, me faz sentar num canto, de olho fechado, com uma dor bem blue ao coração.

Os próximos posts vão ter como referência principal o livro Jazz on Record, de Scott Yanow. Pra quem se interessar em ir atrás:

YANOW, Scott. Jazz on Record: the first sixty years. San Francisco: Backbeat Books, 2003.
(sim, além de adorar sumários, eu também adoro referências bibliográficas – eheheh)

Eu podia passar vários dias aqui, tentando definir o que é o jazz... Com certeza ia ouvir um monte de opinião de gente que entende da coisa muito mais do que eu, essa leiga interessada... A gente podia começar falando dos diversos desdobramentos que esse gênero musical teve ao longo da história e todos os estilos que ele gerou... Falar dos que mais impressionam pela técnica, ou dos que mais emocionam pelo sentimento expresso... Mas eu vou aceitar a “sugestão” de Scott Yanow e começar pelo começo. Nos transportar à virada do século XIX para o XX e descobrir quem foram os primeiros a fazer esse som, que era muito diferente do que é hoje... Mas isso no próximo post (rsrs).

Hoje, ficamos com a primeira de três perguntas típicas sobre os primórdios do jazz: O que exatamente é jazz? Onde ele começou? De onde ele vem?... Nenhuma dessas perguntas conseguiu jamais ser respondida de forma definitiva. Por ora, então, ficamos com as respostas de Yanow... Mas elas estão abertas a discordâncias. Se você tiver questões a levantar, críticas à definição dele ou qualquer coisa parecida, utilize a sessão comentários deste blog (fica logo ali embaixo).

O que exatamente é jazz?

A resposta de Yanow para essa pergunta é a que mais gosto das três. Isso porque ele não se limita a tentar explicar o jazz pela técnica, como aquelas definições “duras” ao estilo Wikipédia: “forma de se fazer música incorporava blue notes, chamada e resposta, forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do ragtime, cujos instrumentos musicais básicos são os metais, palhetas e baterias” (blahhh!!!). Isso é chato demais. É necessário saber essas coisas, não há dúvida, mas esse tecnicismo esvazia o jazz de toda a sua artiticidade, de toda a carga emocional, que é parte da essência do gênero...

Até onde vai uma definição, e ignorando a afirmação de Louis Armstrong (ou seria Fats Waller) de que ‘se você não sabe o que é, não se meta’, o mais próximo que eu pude chegar é dizer que o jazz é um tipo de música que enfatiza a improvisação e que carrega sempre o "sentimento blues".

Tecnicamente, a improvisação seria atingida através da criação de solos e às vezes da combinação de vários instrumentos de forma espontânea. O “sentimento blues” não se referiria à execução da progressão básica do blues (12-bar blues), mas seria alcançado através dos “bends”, que fazem com que a alma do músico se imprima na música. Esses dois elementos seriam as únicas qualidades específicas que o jazz clássico, o swing e o bebop teriam em comum com o de vanguarda, o fusion e o modern jazz... Mas será mesmo??? E aí, o que acham? :P

Beijos!

domingo, 3 de maio de 2009

Table of Contents


O primeiro post foi uma exceção. O blog não vai trazer muito da minha vidinha medíocre, não :P.

Vou escrever mais sobre o que ando lendo. Assim, me estimulo a terminar o que começo a ler (pois é, eu sofro desse mal), compartilho com quem também gostar dos assuntos e uso o pretexto como uma ferramenta anti-idade, porque minha falta de memória precoce tem me preocupado (e muito) nos últimos anos.

Aguardem o primeiro tópico! Em breve.

Beijos.
Essa sou eu: Paula Cruz: cerca de 70% água e o resto de coisas nojentas que habitam o corpo humano...

Às vezes sou feita de álcool.
Às vezes de raiva, é fato.

Quase sempre sou pura expectativa...
Quase sempre sou frustração...

Me pego querendo e querendo
E depois de um segundo, mais não.

Sou impaciente e perseverante
Sou curiosa... e dançante!

Posso ser de tristeza e de dor
Mas sou sempre de sonhos...

E rimar amor...
Sempre vou.