terça-feira, 19 de maio de 2009

Aquela Voz Negra Feminina e uma Orquestra de Branquelos Retados


Com o fim da I Guerra Mundial, em 1918, os Estados Unidos emergiam como uma potência mundial (começava a expansão imperialista norteamericana, lembram das aulas de história? Eheheh). Foi nesse contexto, portanto, que a Original Dixieland Jazz Band se tornou o primeiro grupo de jazz a visitar a Europa, em 1919. A temporada de 9 meses no Hammersmith Palais, em Londres, rendeu grandes manchetes nos jornais da época e fizeram com que surgisse uma onda de jazz na Europa. A banda chegou a gravar 17 músicas em solo britânico, retornando aos Estados Unidos em 1920.

Em 14 de fevereiro deste mesmo ano, aos 36 anos de idade, Mamie Smith entrava para a história como a primeira cantora negra (não-gospel) a gravar uma canção. Ela fez sua estréia com as músicas “That thing Called Love” e “You Can’t Keep a Good Man Down”. Como as vendas foram boas, Mamie teve a chance de lançar mais duas gravações: “Crazy Blues” e “It’s Right Here For You”. Em 6 meses, ela vendeu mais de 1 milhão de cópias (pasmem!): o blues virava febre nos Estados Unidos.


Mamie Smith havia começado sua carreira dançando com um grupo de vaudeville (chamado "Four Mitchels") e cantando em clubes do Harlem. Para quem não sabe, ou não se lembra, vaudeville era a forma de entretenimento mais popular nos Estados Unidos no final do século XIX e início do século XX. Era uma mistura de dança, música, encenação, mágica, truques... Os primeiros truques que antecederam a criação da arte da animação, inclusive, datam desta mesma época, através do trabalho de artistas desse gênero (se eu bem me lembro o meu TCC... rsrs).


Mas vale lembrar também que, tecnicamente, o blues de Mamie Smith não foi o primeiro a ser gravado. W.C. Memphis Blues Band já havia gravado “Memphis Blues”, em 1914, e a ODJB já agradara o público com “Liberty Stable Blues”. Mas, de fato, era a primeira vez que a voz de uma vocalista negra era capturada e influenciava diversos outros músicos.

Até o início dos anos 1920, pelo menos em gravações, o mundo do jazz se dividia em dois: de um lado, a ODJB e seus seguidores, que tocavam de ouvido e buscavam liberdade de improvisação; por outro, as grandes orquestras dançantes, com arranjos elaborados e rigidez formal, que não dava espaço para o improviso. A orquestra de Paul Whiteman foi uma das mais significativas.



Criada em 1918, em São Francisco, a Paul Whiteman Orchestra se estabeleceu em Nova Iorque em 1920, onde gravou seu maior sucesso de vendas: “Whispering”. Paul Whiteman era tido como um dos líderes do jazz na época e conceituado como o "músico que suavizou e refinou os aspectos primitivos” da música apresentada pela ODJB. Ele era chamado pela imprensa de "rei do jazz".

Ao final de 1920, o sucesso da ODJB, de Paul Whiteman e de Mamie Smith inspirava os selos a gravarem mais jazz. Mas, vale lembrar, quase todas as gravações eram feitas em Nova Iorque e muito poucos negros tiveram a chance de ter seu trabalho registrado para a posteridade. Por isso, tentar retratar o mundo do jazz apenas com base nos registros sonoros seria uma leviandade. O buraco, com certeza, era mais embaixo.

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Ah! Olha que chique! Agora vocês podem ouvir as músicas! Graças à ajuda de Ricardo, que me deu um passo a passo sensacional (que eu nunca descobriria sozinha). Thanx! =)

Beijos!




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