domingo, 4 de julho de 2010

A Perda de Minha Inocência Musical

Depois de uns posts incomuns ao propósito deste blog, com uns certos devaneios que, vez ou outra, me vêm à cabeça antes de dormir e insistentemente me tiram o sono, eis que me proponho novamente a escrever algo de útil (!).

A revista Bravo! lançou este ano a série especial ''Para entender...'', cujo segundo volume foi dedicado à música pop brasileira. Não apenas o tema, mas também a foto da capa, logo de cara me interessaram: Titãs, 1989.

Me lembro claramente da primeira vez que ouvi ''Bichos Escrotos''. Eu estava ainda no primário, e, numa festa de aniversário do filho do diretor da escola (algum dia ainda vou escrever algo aqui sobre minha escola primária... sobre como a arte-educação contribuiu para o despertar do meu interesse sobre as coisas (e são tantas as coisas!),sobre o gosto de pesquisá-las, sobre o fato de eu adorar sumários!).

Voltando à perda de minha inocência musical, posso dizer que naquela festa, naquele sofá de alvenaria, fui desvirginada pelo rock dos titãs. Aquele vinil tocando numa vitrola antiga fazia soar uma música incômoda e, ao mesmo tempo, hipnotizante. Para uma menina que até então ouvia Vinícius de Morais para crianças, Os Saltimbancos, de Chico Buarque, Trem da Alegria, Balão Mágico e (admito) os ilariês da Xuxa, ouvir alguém mandar o coelhinbo peludo se fuder era algo inédito, mas, curiosamente, não me causava antipatia. Pelo contrário, despertava meu interesse de uma forma estranha, como nunca. No dia seguinte, queria ouvir aquela música de novo, mas não tinha como. Eu não me lembrava do nome da banda, do nome da música, e na época não havia internet (que época sofrida!).
Minha primeira e pueril experiência roqueira havia, portanto, sido inesperadamente deflagrada ali, mas ficaria adormecida por mais uns cinco anos, até que, já na era CD, eu fosse arrebatada de vez por Jimi Hendrix. Fui levada a Hendrix através do blues ''Red House'', que ouvi a primeira vez no CD da trilha sonora de ''Cidade dos Anjos''. Gostei tanto que fui atrás daquele tal de Jimi na antiga Flashpoint do Iguatemi, antes da aula de inglês (que ia duas vezes por semana, com muito prazer), e comprei o duplo Experience Hendrix, que ouviria sem cansar por anos e anos a fio...
Enfim, tomada por essas (boas) lembranças, acabei fugindo do que, de fato, seria o motivo deste post: anunciar o próximo assunto aqui: do rock ao pop no Brasil. Espero que gostem (as much as I do).

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Saudade


eu chovo
tu choves
nós chovemos...

terça-feira, 22 de junho de 2010

F(r)ases curtas sobre o eu

eu, ué. e u? - o eu fanho.

eu, ué. e you? - o eu bilingue.

e u e eu? - o eu inseguro.

êêêêê! uuuuuuuuuuuu... - o eu narciso indeciso.

...

de quantas vidas o eu precisa para ser eu?

domingo, 6 de junho de 2010

Sobre o amor, a justiça e a morte

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amorreu
a-morreu, amor-réu, amorr-eu:
o amor incrédulo, o amor confesso e o amor-ego.


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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um Post Pessoal




Essa sou eu hoje.

Depois de meses afastada desse blog, eu volto com um post altamente pessoal. O que isso quer dizer? Mudança de paradigma? Vontade de transgredir as próprias regras? Vontade de jogar tudo pro alto e sair assim, leve como uma pena planando no ar?

Um pouco de cada, eu acho. Mas o mais importante talvez não seja o motivo que faz a pena correr livre no vento. Se ela se caiu de uma ave, se se desprendeu da mão de um escriba, se é apenas uma ilusão...

Nada importa senão o que está por vir. A chegada. A incrível e excitante incapacidade de prever quando e onde ela vai pousar.


sábado, 8 de agosto de 2009

Música nas Escolas Brasileiras


Para tirar as teias de aranha, uma boa notícia
.

Beijo!

A partir de 2011, segundo a lei nº 11.769, a música vai voltar às salas de aula no Brasil. Estudantes do primeiro ao nono ano deverão entrar em contato com a teoria e a prática de transformar sons em arte. Com isso, é recuperada uma disciplina que já foi muito importante no currículo brasileiro até 1956.

Afinal, é público e notório que a canção popular é a mais reconhecida das artes do Brasil, dentro e fora do País. As melodias e a batida da Bossa Nova e o forte impacto da Tropicália são influentes na produção cultural em todo planeta. Mas parece que o sistema educacional brasileiro não mais considerava esse potencial educacional do trabalho com ritmos e melodias.

Para o compositor Felipe Radicetti, coordenador nacional da campanha "Quero Educação Musical na Escola, “a música cumpre um papel mediador das relações sociais e promove o desenvolvimento afetivo das crianças, além disso pode ser usada como um elemento agregador nas outras disciplinas”. E completa: “A educação musical nas escolas tem uma função muito ampla, mas não é a de formar músicos. Ela desenvolve a escuta e portanto atua diretamente sobre a qualidade de fruição da música”.

A opinião também é dividida por Cleide Salgado, que desenvolve o projeto "Música nas Escolas", em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi criada em 2003 e mais de cinco mil crianças já foram ou estão sendo formadas. Alguns hoje até integram a Orquestra Sinfônica da Cidade, a Banda Sinfônica, a Banda da Cidade e a Drum Lata. “Independente de formar músicos ou não, o aprendizado de música nas salas de aula ensina concentração, disciplina , o desenvolvimento do trabalho em grupo e leva a cultura para toda a família”, diz Cleide.

Segundo ela, desde que 72 escolas da rede pública de Barra Mansa adotaram a música na grade curricular, a cidade reforçou seus laços com a cultura. “As apresentações da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa se tornaram um grande evento popular. É comum também encontrar meninos com seus instrumentos nos ônibus da cidade”.

Para Cleide, o mais importante é que a música faça parte do currículo sem se descuidar das outras práticas artísticas. “O envolvimento com a arte é fundamental na formação de qualquer pessoa, mas eu acho que a escola tem que dar opção para o estudante. Tem que estimular o seu desenvolvimento na área em que ele mais tem aptidão”, defende.

Foi o movimento “Quero Educação Musical na Escola” , do qual Felipe Radicetti faz parte, que retomou o debate da reinserção da música no currículo escolar. Agora com o projeto sancionado, o compositor acredita que “a campanha teve o objetivo de democratizar o acesso a essa educação tão importante a todos os brasileiros”.

Segundo ele, o próximo passo é “implementar a educação musical nas escolas plenamente, tal como nos países desenvolvidos. As dificuldades da educação no Brasil são generalizadas e os nossos números são um escândalo. Estamos tão acostumados com eles, que chegam até a nos parecer aceitáveis”.

As escolas de música, músicos e instituições ligadas à educação começam a pensar como pode ser esse currículo. Uma das iniciativas para debater o assunto é da revista Carta na Escola. O "Seminário Música nas Escolas" irá reunir músicos e educadores no dia 17 de agosto para discutir algumas propostas sobre o ensino de música. Pode ser também um bom momento para se debater o papel da cultura na educação dos brasileiros.

Fonte: Blog Acesso

sábado, 4 de julho de 2009

Três Divinas Gerações


No começo de tudo só havia o Caos, uma espécie de matéria indefinível e eterna, detentora dos princípios fundadores de todos os seres. Dando sentido ao Caos, surgiu Gaia, a mãe universal de todos os seres, também chamada de Terra. O Caos gerou Nix (a Noite), a mãe dos deuses, e Érebo (a escuridão, o criador das Trevas).

Nix e seu irmão Érebo se amaram e, do casamento, nasceram Éter (luz celeste, sem os corpos luminosos) e Hemera (a luz do dia).

Sozinha, Nix ainda deu à luz: o Destino (deus cego da inflexibilidade, que se fez senhor dos homens e das coisas do mundo), Tânatos (a Morte), Hipno (o Sono), a Legião dos Sonhos, Momo (o Sarcasmo), a Miséria, as Hespérides (três irmãs - Egle, Erítia e Hespera - que personificam o dia), as Moiras (três irmãs - Cloto, Láquese e Átropos - que determinavam o destino tanto dos deuses quanto dos seres humanos), Nêmesis (deusa da ética), a Fraude, a Concupiscência (o apetite sexual), a Velhice e Éris (a Discórdia).

Por sua vez, Gaia gerou de si mesma Urano (o Céu Constelado), os Montes e o Mar. Gaia teve muitos nomes: Telus, Cibele, Titéia e Vesta. Como Vesta, casou com seu filho Urano, que se tornou o primeiro rei dos deuses. Deste casamento, nasceram os Titãs e as Titânides, os Ciclopes (gigantes de um olho só) e os Hecatonquiros (que tinham cem braços e cinquenta cabeças).

Os Titãs e as Titânides eram muitos, incluindo Titã (o primogênito) e Cronos (Saturno, o deus do Tempo). Como Cronos desejava ser o primogênito, propôs a seu irmão uma troca de posições. Titã aceitou, mas impôs a condição de que seus descendentes é que seriam os herdeiros do trono. Antes que pensem que ele foi bonzinho em ceder seu lugar ao irmão, saibam que Titã só aceitou a troca porque os oráculos o haviam dito que ele seria destronado por um de seus filhos de qualquer jeito. Cronos aceitou a condição imposta pelo irmão, prometendo eliminar seus próprios filhos. Para proteger-se do assédio do filho e marido, Urano, Gaia armou Cronos com uma foice bem afiada, que ele usou para castrar e destronar o pai, tornando-se rei dos deuses.

Cronos casou com sua irmã Réia. A cada filho ou filha nascido do casamento, o rei os devorava para cumprir o trato com o irmão mais velho, Titã. Mas, quando Réia estava prestes a dar à luz Zeus, decidiu que este filho Cronos não engoliria. Decidiu descer do Olimpo, a morada dos deuses, e foi para uma gruta na ilha de Creta. Depois de nascido, Réia deixou Zeus sob os cuidados de uma de suas ninfas e, para enganar Urano, deu-lhe uma pedra envolta por uma manta, no lugar do bebê. Urano só descobriria que Zeus estava vivo anos mais tarde, quando este destronaria o pai, faria justiça, fazendo-o vomitar seus irmãos engolidos, e começaria seu reinado como o deus supremo, pai de todos os deuses do Olimpo.


Estas são, portanto, as três divinas gerações: 1) a Geração de Urano, marcada pela violência; 2) a Geração de Cronos, o organizador do tempo; e 3) a Geração de Zeus, o legislador.

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Ah! Para quem não sabe, a mitologia grega foi apropriada pelos romanos (e foi assim que chegou até nós). É por isso que muitos deuses têm mais de um nome. Aqui, estou usando os nomes de origem grega e, sempre que possível, o correlato romano, entre parênteses. :)

A figura da imagem é Nix, a personificação da Noite.

Beijos!